terça-feira, 20 de outubro de 2009

Feira Brasil Rural Contemporâneo

Oi pessoal,
Depois de tanto tempo sem novidades, resolvi voltar com uma dica. Póstuma. Foi uma ótima dica, sensacional, mas agora já era, agora só ano que vem, talvez em São Paulo. Tem, mas acabou.

A dica era a Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que esse ano ganhou um nome mais "fashion", e passou a se chamar Feira Brasil Rural Contemporâneo. Se a mudança serviu pra atrair mais gente, tudo bem.A ideia da feira, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, era reunir pequenos produtores rurais do Brasil inteiro e mostrar de onde vem aquilo que é posto em nossas mesas. E isso foi feito utilizando todo o espaço da Marina da Glória, de frente para a enseada de Botafogo.

Cada setor da feira era dedicado a uma região do Brasil, e dentro das regiões havia os espaços para cada estado. Como numa feira, os agricultores exibiam seus produtos mostrando toda diversidade do nosso país. Havia ainda stands temáticos, dedicados à Amazonia, às cachaças, aos orgânicos, ao babuçú, à reforma agrária, e outros.

Gostaria de ressaltar dois aspectos da feira. O primeiro, é claro, o aspecto comidístico.

Me fartei. Comi tacacá do Pará, tapioca de Tucunaré, suco de Tamarindo, queijos de todos os cantos, aipim com torresmo mineiro, cachaças, água de côco, cupuaçú, farinhas... Voltei de lá com bolsa carregada de coisas deliciosas. Tomate seco, pepino em conserva, farinha de taipoca, chá-mate do MST, palmito pupunha, polpa de tamarindo, farinha de mandioca, chutney de banana, goiabada cascão...

Enfim, foi uma orgia. Muito produtos eram orgânicos e estavam com preços "normais", e não os preços de orgânicos que encontramos usualmente.

O outro aspecto foi a minha satisfação em poder consumir alimentos diretamente dos pequenos produtores. Produtos "de verdade", que não saíram de nenhuma agroindústria e nem passaram por nenhum atravessador. E eu sabia que o dinheiro que estava pagando pelo produto, era pelo produto mesmo.

A ideia da feira era mostrar a importância da agricultura familiar para a matriz alimentícia nacional. O censo agrário divulgado recentemente mostrou que, apesar do crescimento da concentração rural no Brasil, a produtividade do pequeno agricultor ainda supera a dos latifúndios, isto é, produzem mais em menos espaço, e de maneira mais saudável, sustentável e justa.

Incentivar a agricultura familiar, pequena agricultura e reforma agrária é uma estratégia acertada em vários sentidos. Destaco alguns:
  • Segurança alimentar: Com a produção de alimentos descentralizada e pulverizada, não corremos o risco de ficar dependentes de poucas agroindústrias, que podem controlar preços, por exemplo;
  • Meio ambiente: para aumentar a produtividade, o latifúndio usa como recurso a monocultura, ou seja, áreas imensas com uma mesma plantação. Isso exaure o solo, acaba com a biodiversidade e demanda mais agrotóxicos, já que as pragas vão ficando cada vez mais resistentes e perdem seus inimigos naturais;
  • Saúde: pelos motivos acima, a agricultura familiar usa menos agrotóxico, preservando a saúde do produtor e do consumidor;
  • Êxodo Rural: a agroindústria expulsa as famílias do campo, pois oferece péssimas condições de trabalho e nenhuma expectativa de melhoria de vida para os trabalhadores. Além disso, aquelas que compram a produção de pequenos agricultores, exercem preços ínfimos pois monopolizam o mercado. Isso contribui para a fuga das famílias do campo, lotando ainda mais nossas já saturadas cidades;
  • Produção Local: enquanto a agroindústria produz em grande quantidade para exportação, o agricultor familiar abastece o mercado local. Com isso, a logística é mais barata, há menos emissão de gases no transporte dos alimentos, o preço pago ao agricultor é mais justo e a renda é melhor distribuída entre vários agricultores. O modelo de desenvolvimento local, em contraposição ao global, é praticamente uma unanimidade entre quem entende de sustentabilidade. E a pequena agricultura é desenvolvimento local.
Podemos resumir tudo na seguinte frase: Terra não é mercadoria, assim como grão não pode ser commodity.

Peço desculpas novamente, mas não tenho escrito nada a não ser a minha dissertação nos últimos meses. Em breve, o DM volta ao ritmo antigo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Angu do Gomes

Antes restrito a simpaticas barraquinhas pela cidade, o Angu do Gomes agora funciona num restaurante convencional.

Comandado pelo neto do sócio do Gomes original, a casa oferece o angu clássico, com miúdos e rabada, e opções mais moderadas, como carne moída. Ainda há também uma chance para os verdes, com o angu vegetariano, que leva abobrinha, berinjela e outros legumes.

Confesso que tive que lembrar da frase que postei outro dia aqui ("Com um garfo e uma faca na mão, eu costumo ser corajoso") para pedir o tradicional. Não sou muito chegado aos miúdos, mas a primeira vez no clássico Angu do Gomes não poderia ser diferente.

Não me arrependi. Estava simplesmente maravilhoso, muitíssimo bem temperado, uma delícia. Acompanhado por uma cerveja ou uma cachacinha, o Angu do Gomes é uma delícia, e merece o título de patrimônio do Rio.

Melhor do que isso... bom, melhor do que isso, só mesmo o Angu do Gomes depois do sambinha da Pedra do Sal. Isso porque o restaurante fica no Largo da Prainha, aonde acontece o Escravos da Mauá, e a 100m da Pedra do Sal, onde toda segunda e quarta o samba de raiz come solto.



Serviço
Angu do Gomes
Largo do São Francisco da Prainha, Praça Mauá, Centro, Rio de Janeiro
O que comi: Angu Tradicional (com miúdos e rabada) (R$9,90)
Benefício/Custo: justo

sábado, 1 de agosto de 2009

Notícia Furada no últim post

Oi pessoal,
Segundo vejo no RNAm, comunicado da Monsanto sobre o último post:

A Monsanto esclarece que não procedem os boatos de que a empresa teria entrado como uma ação judicial contra uma campanha educativa coordenada pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) sobre os benefícios de alimentos livres de agrotóxicos.

A empresa desconhece a origem dessa informação e reafirma o respeito pela liberdade de opinião, expressão e escolha do mercado, instituições e empresas pela utilização de culturas convencionais, geneticamente modificadas ou orgânicas.

A Monsanto se orgulha de ser líder em biotecnologia agrícola e acredita profundamente nos benefícios das culturas geneticamente modificadas, que têm potencial para ajudar a aumentar a produção de alimentos, com menos recursos naturais e, ainda, melhorar a vida de agricultores em todo o mundo.

Abraços,

Cláudia Santos
CDI Comunicação Corporativa
(11) 3817-7925 / (11) 8192-4134
E-mail: claudia@cdicom.com.br"

De fato não houve liminar, como amplamente divulgado na internet, mas é certo que houve uma paralisação no processo de lançamento, além do esperado. Ainda segundo o RNAm, o Ministério da Agricultura e Pecuária vai voltar a disponibilizar a cartilha em seu site no dia 3 de agosto.

Esperamos que não venha "modificada"...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Monsanto impede distribuição de cartilha sobre agroecologia

Oi pessoal,
Hoje o post é um pouco mais sério, mas não menos importante e não menos relacionado a alimentação.

O Ministério da Agricultura produziu uma cartilha sobre o novo selo orgânico para produtos orgânicos (SISORG), muito simples e direta, com ilustrações do Ziraldo. Um trecho dela diz:

"O agricultor orgânico não cultiva transgênicos porque não quer colocar em risco a diversidade de variedades que existem na natureza. Transgênicos são plantas e animais onde o homem coloca genes tomados de outras espécies".

Simples e direto. Bom, a empresa Monsanto, fabricante do agente laranja e de transgênicos, com altíssima influência no governo (tanto cá quanto nos EUA), conseguiu embargar a distribuição da cartilha.

E o efeito acabou sendo melhor. A notícia está se espalhando mais ainda, e a cartilha completa por ser vista no site do MST: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=7120 .

Para ficar informado sobre orgânicos, agricultura familiar e agroecologia:

http://transgenicosnao.blogspot.com/ (Fonte desta notícia!)
http://pratoslimpos.org.br/
http://outraagricultura.blogspot.com/
http://www.agroecologiaemrede.org.br

Mais sobre a Monsanto:
http://transgenicosnao.blogspot.com/2008/08/novo-link-para-o-documentrio-o-mundo.html

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Café do bom cachaça da boa

Este simpático café foi alvo do primeiro post deste blog. Na ocasião, estava de dia, fazia um calor desgraçado e tomei um sorvete.

Desta vez foi diferente. Cheguei à noite, sem muita fome, pra papear com amigos. Aliás, disto ninguém pode reclamar: o lugar é muito agradável. Aconchegante, bonito, simpático... Ótimo pra papear com bons amigos, o que foi o caso.

Assim que chegamos, os bons amigos foram logo pedindo o tal do tareco. A ideia é interessante: pão de queijo velho fatiado, torrado, com queijo por cima. Veio esta beleza da foto ao lado.

Eu não sei se já rolou esse assunto aqui, mas eu acho que colocar queijo em cima das coisas é uma tremenda falta de imaginação. Na verdade, a pessoas acham que é uma ideia genial, e que fica uma delícia! Bife com queijo por cima, berinjela com queijo por cima, batata com queijo por cima. Oh pessoal, tem tanto tempero, molho, coisa boa por aí! Vira tudo um grande queijo derretido. Alguém comentou: "Hoje você inventa um prato, amanhã alguém já ta colocando queijo em cima".

Bom, depois manifesto contra o queijo por cima, não preciso dizer muito sobre o que achei do tal do tareco. No começo até me animei, eu sou louco por pão de queijo, e a ideia de reciclar os velhos é ótima. Mas o negócio é sem graça pra caramba, ainda por cima difícil de comer, por que fica um grande emaranhado de queijo.

Mas tudo bem. A companhia salva qualquer coisa.

Em seguida, eu assumi o comando do cardápio, e pedi as duas belezinhas das fotos. Quiches muito gostosas, quentinhas, a primeira de tomate com manjericão, a segunda de shitake com legumes. Gostei mais da primeira.

A cerveja gelada e as cachaças complementaram a noite agradável. O lugar é muito bacana, mas, por favor, sem queijo por cima.



Serviço
Café do bom cachaça da boa
Rua da Carioca, 10, Centro, Rio de Janeiro
O que comi: Tareco (R$7,50) , Quiche de Tomate com Manjericão (R$5,40), Quiche de Shitake com legumes (R$6,70),
Benefício/Custo: justo